Esse texto é o primeiro de um série que vai tratar sobre os maiores jogadores da história em cada posição do futebol americano. E, para começar, vamos falar sobre os quarterbacks.

Menções honrosas: Brett Favre, Drew Bress e Otto Graham.

5. Dan Marino

Se essa lista fosse para analisar apenas o talento puro dos quarterbacks, Dan Marino seria 1º lugar e por muito. A precisão do ex-quarterback do Miami Dolphins era surreal, sendo capaz de colocar a bola na mão do recebedor com perfeição. Ele passou para 61.361 jardas e 420 TDs numa época em que a NFL teve uma mudança grande do seu estilo de jogo, deixando de ser muito voltada ao jogo corrido e sendo mais aérea. São números espetaculares para os anos em que ele esteve em campo. As incríveis 5.084 jardas passadas em 1984 foram o recorde da Liga por 27 anos, e os 48 TDs que ele passou no mesmo ano foram por 20.

“Certo, Emanuelle, se ele era tão bom, por que está em 5º lugar, e não em 1º?” Uma palavra: playoffs. Tinha atuações absurdas na temporada regular, mas não conseguia fazer o mesmo na pós-temporada. Ele não tinha muita ajuda do próprio time. As defesas dos Dolphins eram horrorosas, além da ausência de armas ofensivas de qualidade. Mas ele também não é aquele quarterback clutch que você sabe que pode contar para virar o jogo ao seu favor, faltando 2 minutos de relógio. A ausência de um título de Super Bowl pesa bastante também. Nem por isso não merece estar nessa lista. Muito pelo contrário, o 5º lugar faz jus à revolução que ele trouxe para a posição.

4. Johnny Unitas

Johnny Unitas foi outro quarterback revolucionário: enquanto Dan Marino jogou numa NFL em transição do foco em running backs para valorizar mais o aéreo, Unitas passou a bola quando ninguém mais passava. Ninguém. Foi desprezado pelos Steelers e assumiu a titularidade dos Colts em seu ano de calouro porque o QB titular quebrou a perna. Teve um recorde de 3-4, com 1.498 jardas passadas, 9 TDs e 10 INTs, o que não é a melhor atuação do mundo. Já em seu segundo ano, liderou a liga em jardas e touchdowns passados e foi selecionado para o Pro Bowl – o primeiro de 10 em sua carreira.

Ele venceu 3 títulos da Liga com os Colts e, depois da unificação da NFL com a AFL, um Super Bowl. Liderou a liga em jardas e TDs passados e encerrou a carreira como o recordista nessas duas categorias e em passes completos (as três marcas já foram quebradas). Unitas fez o que ninguém havia feito antes dele: passou a bola de verdade. Num esporte que era voltado à corrida, seus 18 anos de carreira revolucionaram a forma como o futebol americano é jogado e pensado. Ele basicamente inventou o 2-minute drill e nenhum outro nome estaria aqui se não fosse por ele. Sua marca foi deixada na história da Liga e ele fez por merecer o 4º lugar nessa lista.

Foto do quarterback Johnny Unitas em jogo pelos Colts, em 1970. Ele está centralizado na imagem, com a arquibancada do estádio ao fundo, desfocada. Ele está vestindo uma jersey azul dos Colts, uma calça branca e um capacete branco com o símbolo do time em azul. Está fazendo o movimento para passar a bola.
Foto do quarterback Johnny Unitas em jogo pelos Colts, em 1970.
Fonte: American Football Wiki.

3. Peyton Manning

Sinceramente? O top-3 de melhores quarterbacks da história já está fechado com estes 3 nomes e eu não vejo alguém mudando isso tão cedo. Peyton Manning é, provavelmente, o QB mais respeitado ao redor da NFL – e não à toa. Encerrou a carreira com 71.940 jardas e 539 TDs – à época, dois recordes, que já foram batidos por Tom Brady e Drew Brees. O duas vezes campeão do Super Bowl teve a melhor temporada, em números, de um QB em 2013, com 5.477 jardas e 55 TDs. Ele possuía muitas das principais qualidades de um quarterback ideal: sabia lidar muito bem com pressão e sabia ler defesas como ninguém, sem contar seus ajustes do ataque na linha de scrimmage, no pré-snap.

Entretanto, Manning não foi tão vencedor em pós-temporadas como os próximos dois nomes dessa lista – ele passou pelo mesmo problema que Dan Marino: defesas fracas. Por sucessivos anos, as defesas dos Colts figuraram entre as piores da Liga, o que o impedia de ser mais marcante nos playoffs. Além disso, em muitos jogos, ele não fez sua parte, tendo desempenhos abaixo do mostrado ao longo da temporada regular (quem não lembra do fatídico Super Bowl XLVIII, contra os Seahawks?). Diante disso, o 3º lugar é merecidíssimo para alguém como Peyton Manning: o jogo era um antes dele pisar no campo de futebol americano e agora é outro.

2. Joe Montana

Antes do próximo nome dessa lista começar a jogar (você sabe quem ele é), Joe Montana era considerado o melhor quarterback da história por muitos analistas. E não à toa: 4 idas ao Super Bowl, 4 vitórias, 3 Super Bowls MVPs e nenhuma interceptação lançada, além de 31 viradas em 4º quarto de um jogo. A capacidade de Joe lidar com pressão era impressionante e a precisão dele era altíssima, liderando a liga em porcentagem de passes completas por 5 vezes. A campanha de pós-temporada de 1989, que deu a ele seu 4º anel, ainda é uma das melhores da história de um quarterback: 800 jardas, 11 TDs e nenhuma interceptação.

Montana nunca foi um cara de stats altíssimas, que liderava a Liga em jardas e touchdowns passados, mas, como todos os outros quarterbacks nessa lista, ele mudou o jeito que a bola voava no ar. E o fato de ter tido Bill Walsh como seu técnico por basicamente toda a carreira foi de grande importância, já que estamos falando da melhor mente ofensiva da história da Liga. A NFL não é a mesma depois da West Cost Offense implementada por Walsh e jogada, com maestria, por Montana. Entretanto, o próximo nome dessa lista é, sem discussões, o número 1. Então, sinto muito, Joe Montana, mas você fica “só” com o 2º lugar aqui.

Foto do quarterback Joe Montana em jogo pelos 49ers. Ele está centralizado na imagem, com a arquibancada do estádio ao fundo, desfocada. Ele está vestindo uma jersey vermelha dos 49ers e um capacete dourado com o símbolo do time em vermelho. Está fazendo o movimento para passar a bola.
Foto do quarterback Joe Montana em jogo pelos 49ers.
Fonte: TSM Plus.

1. Tom Brady

Acho que, em 2020, o 1º lugar na lista de melhores quarterbacks da história já é de Tom Brady de forma indiscutível. Na verdade, acredito que esse lugar é dele desde 2014, quando saiu de uma das piores atuações da carreira no MNF contra os Chiefs para levar o time ao 4º Super Bowl. Afinal, quando você combina recordes estatísticos, consistência, performances clutch e vitórias em temporada regular e pós, ninguém bate Tom Brady.

Nós chegamos em um ponto onde ele faz coisas que ninguém mais faz. Ano após ano após ano, ele vence o título de divisão comandando os Patriots e, de 2011 até 2018, ele chegou com o time, no mínimo, até a final de conferência da AFC. Isso sem contar o fato de que o time teve uma das piores defesas da sua história do time em 2011. Em sua carreira, são 9 idas ao Super Bowl, com 6 títulos e, mesmo não tendo vencido o LII, apresentou um dos melhores jogos da vida dele.

E antes que alguém venha falar que “ele jogou 20 anos com Bill Belichick, a melhor mente defensiva da história”, Tom Brady tem, incluindo pós-temporada, 45 viradas em último 4º e 58 campanhas para vencer o jogo – empatado com Peyton Manning no primeiro e recordista no 2º. Só que Manning tem apenas 2 dessas viradas em playoffs, enquanto Brady tem 9 – além de 13 de seus 58 drives terem sido também em playoffs. É incomparável. E ainda tem a temporada de 2007, que figura na lista das melhores de um quarterback na história.

Isso sem contar o talento. Brady escala o pocket como ninguém, desviando levemente da pressão de defensores enquanto mantém os olhos escaneando o fundo do campo. E a progressão de leitura dele é absurda, sendo capaz de analisar cada recebedor em sua rota e projetar o resultado da disputa deles com os defensores em centésimos de segundo. Entrando em sua 21ª temporada e mudando de casa ao ir para os Bucs, Brady tem 74.571 jardas e 541 TDs passados em temporada regular – e ele quer mais. De escolha 199 no Draft de 2000 para vencedor de 6 Super Bowls, o 1º lugar nessa lista é indiscutível – e não vejo alguém tirar ele de Tom Brady tão cedo.

Falando ainda de quarterbacks, qual será o impacto da chegada de Nick Foles nos Bears? Confira aqui uma análise sobre.

Emanuelle Freire
Capixaba, eletrotécnica e apaixonada pelo Flamengo, pelos Patriots e pelos Lakers, acredita que assiste mais esportes do que é saudável para um ser humano (mas, ainda assim, ela está aqui).

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