Para encerrar nossa série de textos que buscou encontrar possíveis times para se inspirar na reviravolta dos 49ers de 2019 e sair do fracasso para o sucesso, vamos falar do Detroit Lions. Só pra lembrar, já falamos sobre os Dolphins, os Giants, os Chargers e os Panthers. Perdeu algum? É só clicar no link e conferir.

Por mais estranho que possa parecer, já começo o texto afirmando que o Lions não é o time capaz dessa reviravolta. Explico. Matt Patricia! Seu trabalho como coordenador defensivo em New England (ao lado de Bill Belichick) é irretocável. No entanto, desde que assumiu o comando da equipe de Detroit, em 2018, os fracassos superaram os sucessos e foram apenas 9 vitórias em duas temporadas completas.

” – Ah, Tobias. Mas não necessariamente a culpa é do treinador!”.

Sim, é sim. Jim Caldwell, o antecessor, fez esse time funcionar e ir 2 vezes aos playoffs em 4 anos. O elenco mudou bastante desde então, é verdade. No entanto, a figura mais importante segue por lá: Matthew Stafford. O quarterback dos Lions já mostrou inúmeras vezes que é capaz de conduzir times às vitórias e à pós-temporada – mesmo depois de perder a parceria com Calvin “Megatron” Johnson.

O ataque

Matthew Stafford está entre os 10 melhor QBs da NFL. Talvez top 7. Se os Lions acham que ele é o problema da franquia e confirmarem os boatos de a equipe está disposta a se desfazer de seu passador, significa que merecem o ostracismo em que se encontram.

Mesmo tendo perdido por lesão metade dos jogos da última temporada, Stafford conseguiu bons números: 2.499 yds, 19 TD e 5 INT em apenas 8 jogos e o melhor rating de sua carreira (106.0).

Matthew Stafford segue sendo o grande pilar de sustentação dos Lions. (Getty Images)

De modo geral, o ataque inteiro do Detroit Lions não é um problema. O ataque aéreo funciona: Marvin Jones Jr., Kenny Golladay e Danny Amendola forma um bom grupo de recebedores. Além deles, o time conta com a evolução do agora segundanista tight end TJ Hockerson. A única deficiência talvez seja a posição de running back. Kerryon Johnson ainda não conseguiu mostrar a que veio na liga (muito por conta das lesões). E a rotação do setor tem nomes que também não conseguiram – ainda – produzir a contento.

A linha ofensiva tem boas peças. É importantíssimo que consiga manter a estrutura base atual, com Ricky Wagner, Graham Glasgow (free agent), Frank Ragnow, Joe Dahl e Taylor Decker. Não chega a ser um grupo impressionante, mas certamente é uma OL subvalorizada e que, saudável, pode dar o que o ataque dos Lions precisa.

Do outro lado da bola

O grande problema da equipe tem sido sua defesa. Jogadores com contratos altos que ainda não mostraram a o que vieram (olá, Trey Flowers). Além disso, precisam decidir o que fazer com jogadores que ocupam um espaço considerável de salary cap, como o LB Devon Kennnard e o cornerback Darius Slay que sempre é alvo de especulações sobre troca. E por último, o que fazer com Damon Harrison? Ainda há dúvidas sobre uma possível aposentadoria do jogador. Caso ele retorne, são US$ 11 milhões gastos no seu contrato de 2020 (ou US$ 5 milhões em dead money, caso dispensem o veterano defensive tackle.

Estatisticamente, o desempenho do setor defensivo foi medíocre. Foi a equipe que mais cedeu jardas aéreas por jogo. Uma das possíveis causas é o pass rush inofensivo: foram somente 28 sacks (2ª pior marca da liga). Na hora de parar running backs, o resultado não foi tão ruim (20º melhor), mas ficou longe de ser competitivo.

São muitos problemas que precisam ser resolvidos nesse setor. A linha defensiva, que precisa evoluir; o corpo de linebackers e a secundária, que precisam ser reforçados. Além disso, o head coach Matt Patricia precisa decidi se vai seguir chamando as jogadas defensivas da equipe ou se vai delegar essa função ao seu coordenador defensivo.

Offseason

O Detroit Lions não tem muita margem para fazer grandes investimentos nessa free agency que se avizinha (US$ 46 milhões). Além disso, a experiência recente com Trey Flowers indica que a equipe não deve gastar montes de salary cap e um único jogador.

Sendo assim, a oportunidade de preencher as lacunas na equipe virá no draft. Ter a 3ª escolha geral e não estar na briga (eu espero) por um quarterback vai ser uma grande cartada para os Lions. É a grande chance de buscar uma trade down, acumular escolhas de algum desesperado e ter mais chances de resolver buracos no elenco.

O veredito

O Detroit Lions não vai a lugar algum. Não enquanto mantiver Matt Patricia como head coach. Pode parecer cedo para uma afirmação dessas, mas já era tempo de o desempenho da equipe ter melhorado. Nada contra o rapaz, parece ser um cara do bem e extremamente profissional. Nem contra sua capacidade profissional. Pelo contrário, foi excelente enquanto coordenador defensivo. Mas sua performance como treinador principal ainda é fraca e incapaz de dar uma cara a esse time dos Lions.

O head coach Matt Patricia ainda é um dos grandes responsáveis pelo baixo desempenho dos Lions (Getty Images)

É uma pena, visto que o time possui um elenco com nomes bastante interessantes, uma história muito bacana e uma fan base muito apaixonada. Além disso, possuem um quarterback muito bom e subvalorizado, capaz de coisas maravilhosas nesse esporte. Tem alguns dos ingredientes principais para um time vencedor – e poderia ser.

Talvez Matt Patricia se revolucione e cale minha boca. Mas, a menos que isso aconteça, o Detroit Lions ficará longe de ser o 49ers de 2020.

Tobias Conti
Gaúcho, 28 anos, morador de Porto Alegre e pai da Cecília. Torço pro Grêmio e, segundo minha esposa, pra times de protesto: Racing Club, St. Pauli e Arsenal. Amo o futebol americano e o New York Football Giants (contraditório, não?!). Curto absolutamente todos os esportes. Nas horas vagas, sou professor de história em escola pública e estudo a relação entre política, história e esporte.

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